Que país é esse?

Por Cristiano Dias
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Abra a revista semanal de maior circulação no país e encontre as seguintes reportagens:

  • A crise de energia é tão séria que o governo apresenta um pacote especial de medidas que inclui o aumento no preço da gasolina e apagões. O problema é que o presidente (e principalmente o vice) têm relações pessoais com a indústria do petróleo, sendo totalmente contra influência do estado no setor. A revista levanta dúvidas se, portanto, ele estaria sendo isento em seus planos.


  • O governo está investigando a indústria farmacêutica por usar táticas desleais contra os medicamentos genéricos. Esta indústria é a que mais cresceu nos últimos anos, com lucros cada vez maiores. As empresas farmacêuticas chegam a pagar milhões às empresas menores para que não coloquem os genéricos nas ruas. Enquanto isso os planos de saúde armam para cima do Ministério da Saúde para tirar alguns itens de sua responsabilidade, fazendo com que seus clientes paguem mais caso fiquem doentes.


  • A Polícia Federal faz a maior presepada da paróquia e o julgamento mais importante dos últimos anos quase vai por água abaixo.


  • Que revista é essa? Veja?

    Acertou quem disse a revista Time da semana passada.

    Quanto mais tempo passo aqui mais me convenço de que a diferença entre o Brasil e os EUA é: o povo brasileiro acha seu país uma droga e o povo americano adora seu país. Quem está certo? Provavelmente nenhum dos dois, mas o americano corre atrás e cobra soluções, enquanto que o brasileiro reclama, se revolta e acha que isso é justificativa para ser tão desonesto quanto seus governantes. Acha que "não tem jeito mesmo..." e fica tudo como está. Sabe aquele papo batido dos desenhos animados? Onde o vilão vira para o mocinho e diz "Se você fizer isso estará sendo tão vilão quanto eu..."

    Questionário básico: em quem você votou nas últimas eleições para vereador, deputado e senador? Ah... anulou o voto... então você está pior do que eu pensava. Além de não fazer a mínima para tentar melhorar o país ainda tirou o seu da reta dizendo "Eu não voto em ninguém, político não presta mesmo." Claro que eu dizer que fazer isso só garante que os que estão lá continuem não vai adiantar nada, mas enfim... Ah, você votou? Mas votou naquele amigo do vizinho da sua prima, que estava precisando de um emprego de secretária em algum gabinete. Ou votou e não lembra quem? Ou lembra quem mas nunca entrou em contato para dizer o que acha ou deixa de achar sobre um assunto importante? Quem alguma vez já escreveu para um deputado ou senador (não vale www.foraACM.com.br) levante a mão.

    Abrindo apenas uma edição da mais importante revista semanal dos EUA pude comprovar o quanto os dois países são parecidos. Em todo o lugar o ser humano é o que é: ganancioso e egoísta. Só que em alguns lugares as pessoas se revoltam contra isso e cobram atitudes. No Brasil todo mundo acha normal, acha graça e acha até modelo de comportamento. "Esperto é o Fulaninho de Tal, que superfaturou aquela obra e agora tá rico. Um dia ainda arrumo uma boca dessas." Ou melhor: "Meu sonho é passar no concurso do TRT, ganhar R$ 10 mil por mês e não fazer nada."

    Brasil e EUA são como uma areia movediça onde aos poucos se vai afundando. A diferença é que nos EUA todo mundo fica paradinho, tentando não gerar marola e vendo se dá para sair dali. No Brasil o pessoal prefere empurrar outro para baixo para ganhar um arzinho, até vir um pé maior na sua própria cabeça e ser a hora de comer um pouco de lama.



    ©Copyright   Esse texto foi publicado pelo Cris Dias, no weblog dele. Eu gostei tanto que reslvi divulgá-lo aqui também.

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