Ainda bem que no dia seguinte foi aniversário do Tiago, meu primo, e a mamãe encontrou com a Dona Dirce. Outra tia muito legal, que falou para a mamãe ir à Comunhão Espírita, conversar com o Tio Alaciel. Ele poderia dar uma "forcinha" para a gente.

Até a quarta-feira, o papai e a mamãe ainda tinham esperanças de que eu não precisasse ser operada. Mas quando conversaram com o Tio Cleber, eles viram que não teria jeito. Ele disse que tinha duas hipóteses. Uma que poderia ser um cisto de duplicação de intestino. Eu não entendi muito bem o que é isso, nem o papai, mas parece que a mamãe sacou direitinho. Outra que poderia ser um cisto no ovário. A primeira hipótese era a piorzinha das duas, pois eu teria que ficar uns 4 dias internada e sem mamar (CREDO!) depois da cirurgia. A segunda era um pouco melhor, pois eu já poderia ir para casa no dia seguinte.

 
O papai perguntou se não seria possível fazer mais alguns exames, para saber exatamente o que eu tinha. Afinal, eles não sabiam nem aonde era o meu cisto. O Tio Cleber explicou que os exames que poderiam ser feitos seriam quase tão ruins quanto a cirurgia. O cisto era muito grande e, se arrebentasse, poderia ser bem pior, pois eu teria que ser operada de emergência. Ele marcou a cirurgia já para a segunda-feira seguinte, dia 21 de agosto. Nossa, aí eles ficaram realmente assustados. Só faltavam 4 dias! Mas aceitaram a situação e foram providenciar os exames. Para ajudar, o Tio Cleber entregou a eles uma cartinha tão legal, que eles até ficaram mais tranqüilos.

No mesmo dia eu já fui tirar sangue. Ai, eu fiquei tão assustada! Aquele moço segurando o meu bracinho e depois me espetando aquela agulha. O papai e a mamãe até choraram porque estavam fazendo aquilo comigo. Mas depois que o moço tirou o sangue, eu fui para o colo da mamãe e tudo passou. Aí eles viram que não tinha sido tão ruim assim. Eu só estava assustada, mas passou rápido. Só que o moço não conseguiu tirar tudo que precisava e eu tive que voltar no dia seguinte. Eles voltaram comigo e com a Helena. Na hora H, o papai foi lá pra fora. Ele disse que ia ficar lá com a Helena porque ela estava assustada. Tá bom. Ele é que estava muito mais assustado e não queria ver nadinha. A mamãe agüentou o tranco. Chorou um pouquinho, mas ainda bem que ela estava lá comigo. E, mais uma vez, o colo dela fez tudo passar rapidinho.

Nesse dia do segundo exame de sangue, nós fomos ver o Tio Alaciel, que tranqüilizou o papai e a mamãe e disse que um monte de médicos do outro plano - um dia vou saber o que é isso - iriam ajudar os médicos daqui na cirurgia. Além do mais, eles deveriam rezar bastante para o meu anjo da guarda e fazer direitinho o que o Tio Cleber dissesse. E eles fizeram mesmo. O papai nunca acreditou muito em nenhuma religião, mas rezou bastante para o meu anjinho e disse que até dispensou o dele para ajudar o meu :-)

Ainda bem que tinha tanta gente legal me ajudando. A sexta-feira era o dia em que os doadores teriam que deixar um pouquinho do seu sangue, para o caso de eu precisar. Quase que o papai não conseguiu chegar a tempo, mas levou a Tia Tati, irmã da mamãe, que tem o mesmo tipo de sangue que o meu. Ela é tão legal e foi tão corajosa. Mesmo tendo medo, pois não sabia como era, não pensou duas vezes antes de dizer que iria doar o sangue. Foi lá e agüentou firme. Viram como ela gosta de mim? O papai também doou o dele, e mais legal ainda foi o Tio Rafael, namorado da Tia Tati, que mesmo conhecendo a gente há pouco tempo, foi doar também.

Agora eu só podia esperar...